Home / Blog / De memes a jogadas de basquete: 8 NFTs que vão te ajudar a entender o universo dos tokens não fungíveis

* Por Maria Clara Villas

Nos últimos meses, você deve ter escutado por aí palavras como: tokens não fungíveis, criptomoedas, blockchain. Não, não são termos retirados do universo cyberpunk e sim algumas tecnologias que aparentemente vieram para ficar. Mas calma, se você está perdido, segue com a gente que vamos explicar um pouco sobre o que são e porque provavelmente você ainda terá algum meme ou gif na sua coleção digital

WEB 3.0: criptomoedas e blockchain

Antes de falar sobre gifs de gatinhos, é bom dar um passo para trás para entender o que são as criptomoedas. Uma criptomoeda é um meio de troca digital, que usa a tecnologia de blockchain e da criptografia para confirmar transações financeiras. Essa tecnologia permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informações pela internet. Poder fazer transações de maneira privada e descentralizada é a ideia central do que chamamos de Web 3.0. No começo da internet os usuários apenas consumiam conteúdo, o que mudou depois do surgimento de plataformas de blogs e fóruns, onde os usuários se tornaram criadores. A virada dessa Web 2.0 para a 3.0 se dá quando os usuários, além de criar, conseguem ter mais controle sobre seus dados e manter a sua privacidade. É parte do movimento de tirar nossas informações das mãos de grandes corporações e assim poder ter mais autonomia nas escolhas digitais. 

Beleza, mas e os NFTs?

A principal diferença entre criptomoedas (que são ativos fungíveis) e os NFT (ativos não fungíveis) é que os primeiros são intercambiáveis e os últimos não. Isso significa que criptomoedas são cambiáveis pelo valor equivalente em dólares ou reais. Já os NFTs são tokens gerados a partir de uma blockchain e servem para dar a um item específico uma espécie de identidade única, como um selo oficial de item raro. O NFT não é a coisa em si, mas o certificado que comprova que aquela coisa é sua. O item pode ser reproduzido pela internet, mas só você terá o certificado que comprova a sua origem. Vem com a gente conhecer 8 NFTs que foram vendidos recentementes e que explicam um pouco melhor esse universo:


1. O gif do Nyan Cat

Em abril deste ano, o famoso gif do Nyan Cat completou 10 anos. Para comemorar, o artista Chris Torres colocou em leilão o NFT do gif, que foi vendido por 590 mil dólares.

2. O meme da garotinha em frente a uma casa em chamas

Também conhecida como “Disaster Girl”, a icônica imagem de uma garotinha em frente a uma casa em chamas foi vendida por aproximadamente 480 mil dólares. O meme foi comercializado por Zoe Roth, a garota que aparece na foto, que está com 21 anos atualmente.

3. A obra digital ‘The First 5000 Days’, do Beeple.

Talvez o caso mais conhecido de arte em NFT é a obra do artista americano Beeple, ‘The First 5000 Days’, vendida recentemente por 69 milhões de dólares. A obra é uma colagem digital composta por 5000 imagens produzidas e postadas pelo artista durante 13 anos e meio. 

4. Jogadas de basquete

A liga de basquete americano lançou recentemente a plataforma “NBA Top Shot”, onde usuários podem comprar videoclipes de jogadas de partidas reais. Além do lance em si, o NFT traz informações sobre o jogo, como estatísticas, o jogador em destaque e o histórico de preços de venda do item. 

5. O primeiro tweet

O primeiro tweet da história foi postado pelo fundador da rede social, Jack Dorsey, que acabou de vender seu NFT por 2,9 milhões de dólares, que serão revertidos para uma instituição filantrópica. A versão NFT, autografada digitalmente por Dorsey, foi adquirida em março, 15 anos depois da publicação original. O comprador foi Sina Estavi, o CEO da Bridge Oracle, empresa do ramo de blockchain.

6. Um pedaço de pizza

A Pizza Hut do Canadá resolveu lançar a primeira ‘pizza não-fungível’. O lançamento foi uma coleção limitada de NFTs, com fatias em versão 8 bit das receitas mais pedidas no país.

7. O código da World Wide Web

Tim Berners-Lee, o criador da web, leiloou o código-fonte escrito por ele por 5,4 milhões de dólares. Além do código em si, o NFT inclui uma animação de 30 minutos que reproduz a criação do código, um arquivo com uma carta em que Berners-Lee reflete sobre o processo de criação e um pôster digital. Foi a primeira vez que o criador da internet ganhou com a sua invenção e o dinheiro será revertido para a sua fundação que luta por uma internet mais justa.

8. Uma gravura queimada do Picasso

O universo de NFTs ainda é relativamente novo, mas já está sendo questionado e subvertido por algumas ações inusitadas. É o caso do grupo anônimo que comprou uma gravura do pintor Pablo Picasso, queimou ela e transformou seus restos em NFT. Um texto do coletivo explica as motivações do projeto: “A arte das relações humanas é um encontro de mentes. O Metaverso vai um passo além dos aplicativos – as experiências sociais são reais”. O limite entre o que é real e o que é virtual ainda é algo nebuloso, e será no mínimo interessante observar o desenrolar e as possibilidades de tudo isso. 

Tá, mas o que isso significa? Além de memes e tweets icônicos, artistas digitais passam a ganhar pelo seu trabalho de forma mais justa, já que a obra NFT é vendida pelo próprio artista, sem intermediários. Os entusiastas dizem que é o começo de um novo momento na criação de conteúdo, com muito mais autonomia. Mas vale ficar de olho: críticos apontam o surgimento de uma bolha, que pode estourar a qualquer momento.

Além disso, o formato ainda é pouco acessível e o processamento de dados ainda pode causar alguns danos para o meio-ambiente. Cada peça de NFT é parcialmente responsável ​​por milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono, geradas pelas criptomoedas usadas para comprá-los e vendê-los. Algumas plataformas já confirmaram algumas mudanças no processamento de dados e contratos, mas o assunto ainda é controverso e não tem uma conclusão definitiva por enquanto.  


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*Maria Clara Villas é produtora de conteúdo, leitora assídua e apaixonada por assuntos como espaço, cultura pop e tecnologia. É a cosmonauta responsável pela Diário de Bordo, a newsletter da Aleph.

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